Produto nacional já arrematou cerca de 50 premiações nos concursos já finalizados em 2021
Os azeites produzidos no Brasil vêm se destacando em concursos que atestam a qualidade do azeite de oliva extravirgem em todo o mundo. Apenas neste ano, já são cerca de 50 medalhas conquistadas em diferentes competições internacionais que ocorreram em 2021, na Itália, Estados Unidos, Estados Unidos, Portugal, Grécia e Japão.
Embora os pomares nacionais sejam relativamente jovens - a extração pioneira foi em 2008, em Minas Gerais – os resultados comprovam que muitos têm qualidade superior a rótulos de países com tradição em olivicultura - como Espanha, Itália e Grécia. Um reconhecimento ao sabor da safra 2021 e ao frescor do produto nacional.
“Os prêmios são a coroação de todo o empenho dos produtores em produzir uma azeitona com alto grau de sanidade e boa maturação, para proporcionar a extração de azeites complexos e ricos em compostos de aroma e sabor. Isso tudo é avaliado nos concursos, principalmente a complexidade dos azeites. Além disso, para extrair um bom azeite deve-se considerar o processo de extração e o seu controle e, claro, o efeito das condições climáticas e de solo sobre a oliveira, responsáveis pela formação de moléculas de sabor e aroma”, afirma Juliano Garavaglia, especialista em azeites de oliva e chefe do painel de Análise Sensorial de Azeites de Oliva UFCSPA-MAPA/LFDA-RS. “Todos esses fatores, desde a azeitona e sua maturação, o manejo do olival, o processo de extração e até o armazenamento dos azeites contribuem para esse ótimo resultado nos concursos”, complementa.
Realizado no país que ocupa o posto de segundo maior produtor de azeites do mundo, o ITÁLIA IOOC (International Olive Oil Contest) premiou 23 rótulos brasileiros, sendo 13 com medalhas de ouro. Os selecionados são do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Os três estados repetiram o desempenho nos Estados Unidos, com recorde de 18 conquistas no NY IOOC, de Nova Iorque, considerado o concurso mais prestigiado do mundo.
No mês de maio foram dois eventos no Japão. Três azeites gaúchos foram aclamados com medalha de ouro no JAPAN IEVOO e, além disso, São Paulo levou o luxuoso “Best in Class”, categoria considerada acima de todas as demais, no Japan Olive Oil Prize (JOOP 2021).
O presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) Renato Fernandes, acredita que os ótimos resultados podem ser atribuídos ao conjunto de investimentos utilizados no processo. “Desde a produção de mudas até a armazenagem do produto, não se tem poupado tecnologias, nos viveiros de mudas, no manejo de campo, na colheita e na extração do azeite. São recursos importantes iguais ou até superiores a olivicultura estrangeira. Os olivicultores brasileiros não abrem mão de um azeite verdadeiramente extravirgem”, garante.
O cultivo de oliveiras está em plena expansão e a área plantada está em torno de sete mil hectares. Os maiores polos produtores são o Rio Grande do Sul e a região da Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Os pomares se expandem também por Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Os azeites brasileiros mais encontrados atualmente são blends de varietais arbequina e arbosana, considerados não muito intensos, que vão bem com pratos menos condimentados, e o monovarietal koroneiki, que harmoniza com pratos de sabores mais intensos e complexos.
A nutricionista Isabel Kasper Machado, especialista e pesquisadora em Análise Sensorial e Harmonização com Azeite de Oliva da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), explica que cada azeite é único. “A mágica acontece no momento em que a garrafa é aberta, trazendo uma infinidade de opções aos cozinheiros. Para quem trabalha com gastronomia, como eu, é um presente podermos incluir em nossos pratos azeites sem defeitos sensoriais, com aromas e sabores que vão enaltecer nossas preparações. Cozinhar ou finalizar os pratos com azeite de oliva é uma prática bastante comum na gastronomia, a despeito do tabu existente de não ser saudável aquecer o azeite de oliva.
Sabe-se que é uma gordura muito mais resistente que diversas outras utilizadas para cozinhar”, detalha a também chefe de cozinha. “Quanto mais novos os azeites, mais presentes estarão as notas sensoriais mais diversas como frutos secos, frutas verdes ou maduras, chás e flores. Temos a sorte de termos aqui no Brasil um produto com esta qualidade para ser usado em nossas casas e em nossos restaurantes. Vale a pena conhecer”, recomenda.
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